Elogio da amizade
CrisSS
Nem vou comentar a minha ausência mais uma vez, pois não sei explicar porque não escrevo como gostaria, apesar de todos os dias me virem à cabeça ideias, temas, assuntos, sobre os quais gostaria de falar e escrever, e que poderia partilhar como é suposto neste meu blog. Em última análise chego à conclusão que sou preguiçosa, ponto final. Sim, é isso sou preguiçosa (embora esteja sempre em permanente atividade e numa espiral de movimento!) mas a realidade é que encontro todas as desculpas para não escrever, o que é pena, dizem-me.
E quem mo diz são os meus amigos e amigas e é por eles e para eles que cá estou novamente a escrever umas linhas sobre, precisamente, a amizade.
Sempre tive muitos amigos (perdoem-me se daqui para a frente não diferenciar o género) e nunca senti falta de estar acompanhada. Não sei o que é a solidão, nesse sentido, e sei que sou uma privilegiada por isso, pois essa é mais uma das coisas pelas quais devo estar grata na minha vida.
Tenho amigas e amigos de todas as "espécies", de vários contextos e conjunturas, de sempre, de todos os dias, de longe, da família e gosto muito de os ter e de cultivar essas amizades que me enchem o coração e tornam a minha vida muito mais colorida.
Tenho amigos de infância, uns da escola primária, outros vizinhos com os quais brincava na rua, que se mantêm ao meu lado até hoje! Tenho amigos da adolescência, das noitadas da juventude, das tertúlias no café do bairro. Tenho amigos da faculdade, com os quais vivi intensamente esse período de formação profissional, mas principalmente, pessoal. Tenho amigos do trabalho, que se têm mantido ao longo do tempo, apesar das mudanças de serviço por que todos vamos passando. Tenho amigos da escola do meu filho, contexto que nos juntou já desde a creche e com os quais vou dividindo as angústias da parentalidade e outras angústias.
O que mais me apaixona nesta coisa da amizade é que quando é verdadeira não esmorece e sobrevive a todas as diferenças, às distâncias, à passagem do tempo, às zangas, aos afastamentos e às vezes até sai fortalecida.
Também me fascina o facto de não sabermos explicar porque somos amigos de determinadas pessoas, ou como nasce uma amizade (embora tenha lido à pouco tempo de que parece que há uma semelhança qualquer genética entre os amigos, o que não me admira), apenas sentimos que aquela pessoa nos é muito próxima, nos compreende como ninguém e sabemos que estará lá para o que der e vier...
Gosto da sensação de intimidade e segurança que me dá o facto de poder ligar a uma amiga que está longe e que não vejo à anos e saber que vamos falar como se estivessemos estado juntas ontem e sentir que apesar de nem termos partilhado a vida quotidianamente, ela sabe o que eu estou a sentir e eu compreendo o que ela está a passar.
Gosto da intensidade com que se pode discordar de uma amiga e até às vezes dizer coisas que magoam, para a seguir perdoar ou pedir desculpa, porque o que importa é reconhecer que errámos ou que nos excedemos e manter acima de tudo a nossa amizade.
Gosto destas zangas que nos permitem conhecer melhor o outro e ir mais fundo na amizade, que é também reconhecimento da importância que o outro tem na nossa vida e de que podemos evoluir juntos como amigos.
Gosto muito de rir com as minhas amigas, de dançar, da cumplicidade de um jantar ou de um almoço, ou até de um telefonema onde falamos de tudo e de nada, reforçando o ritual da partilha de sentimentos e emoções que é a base da amizade.
Gosto mesmo muito dos meus amigos e por isso não resisto a partilhar com vocês um pequeno texto que escrevi recentemente, por ocasião de um dos momentos mais especiais da minha vida, no qual mais uma vez os meus amigos e amigas se revelaram extraordinários na sua amizade, e que quero agora dedicar a todos os meus amigos em geral:
"Queridos amigos e amigas,
Nem imaginam o quanto é importante a vossa amizade!
Todos nos conhecem já há algum tempo, uns são amigos de longa data, outros mais recentes, mas os laços que nos unem a todos vós são muito fortes e foram tecidos numa partilha diária de alegrias, tristezas e principalmente numa partilha constante de cumplicidades e até intimidades…
É de todos estes momentos que se faz a amizade, até que finalmente ela é já tão intensa, tão vivida e tão cheia de luz e paz que se transforma no fundo naquilo que ela sempre foi um acto de amor, entre almas gémeas, que juntas riem, choram, gritam, refletem e ficam em silêncio quando é preciso…
Ter amigos é tão bom como estar enamorado e algumas vezes eles são tão (ou mais) importantes que a nossa família, por isso muito obrigada por estarem connosco mais uma vez e por serem nossos amigos!
Do fundo do coração..."