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auto-terapia

um blog onde escrevo o que sinto e partilho as minhas ideias para quem quiser ler

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Regressar das trevas...


CrisSS

Pois é, cá estou de volta! Para os mais distraídos a minha ausência não foi notada, mas acredito que os meus fieis leitores (julgo que 3, eh, eh) devem ter dado pela minha falta...

 

Brincadeiras à parte estive realmente ausente, em espírito claro, pois não saí daqui, do nosso cantinho à beira mar plantado.

 

Tal como não sabemos o que nos faz afundar numa tristeza imensa, também não temos a certeza do porquê de um dia voltarmos a acordar com vontade de cantar, dançar ou apenas sorrir e abraçar aqueles de que mais gostamos...

 

Hoje em dia evito rótulos e tento não dar nomes às coisas que sejam definitivos, finais e irrevogáveis, por isso não me interessa muito nomear o meu estado de espírito dos últimos meses, mas acho importante reconhecer que algo se passou, que alguma coisa se ensombrou dentro de mim, e me roubou a energia e a alegria de viver.

 

Nesta altura devem estar a pensar - Eu não sabia!, Eu não notei nada! - e realmente a minha vida continuou como sempre, com as rotinas habituais e os compromissos cumpridos. Com algum custo...

 

As pessoas viram-me a rir, a trabalhar, a falar, mas algumas também me viram a chorar muitas vezes...

 

Mas o que vos quero dizer é que já não estou triste por causa desses momentos, é que agora sei que isso faz parte de viver, de crescer emocionalmente e que talvez seja mesmo necessário a certa altura da nossa vida sentirmo-nos assim para podermos olhar mais para dentro de nós próprios e procurarmos o que nos dói, e enfrentarmos o que nos está a fazer sofrer. E pode ser tanta coisa!

 

Eu, tal como muitos de vocês, tinha medo de parar e olhar para dentro de mim, tinha muito medo não tanto do que poderia encontrar, mas mais do que teria de aceitar. Sim, porque posso garantir-vos que é disso mesmo que se trata - de aceitar o que não podemos mudar!

 

Em primeiro lugar, tive que aceitar que a vida não é como nós queremos e que não posso controlar tudo!

 

Tive que aceitar que a minha família não é aquela que idealizei, que os meus pais também têm problemas e muitos assuntos por resolver, e principalmente tive que aceitar que não posso fazer nada para mudar isso!

 

Tive que aceitar que a minha vida profissional não teve o sucesso que eu imaginei, que o meu idealismo não se coaduna com a minha profissão atual e que a minha exigência e mania da perfeição só me farão infeliz no local de trabalho!

 

Tive que aceitar que a minha relação não é igual à dos filmes e que ser romântica é bom, mas viver a realidade que tenho e construir mais a cada dia é um caminho mais seguro para a felicidade a dois!

 

Tive que aceitar que os filhos são o que são e que as nossas ambições e sonhos para eles, não são mais do que isso - os nossos desejos - e não aquilo que eles querem ou aquilo para o qual eles estão mais vocacionados. E isso não significa que eles não sejam maravilhosos!

 

E, principalmente, tive que aceitar que não podemos viver sem cuidar do nosso lado espiritual e isso passa em primeiro lugar por enfrentarmos o nosso grande medo - a morte! Para aceitarmos que vamos de facto morrer, temos que ter alguma fé, alguma esperança, alguma intuição que nos tranquilize, que nos faça ficar em paz com essa ideia e que nos permita aproveitar este grande privilégio que é a vida. E posso dizer-vos que a partir do momento em que aceitamos a ideia da morte, tudo faz mais sentido e começamos realmente a viver e a estar no presente que é a única coisa que realmente importa.

 

O meu conselho é que procurem o que vos traz a paz interior. Acabem com as relações tóxicas, que só vos põem para baixo, terminem com as obrigações estéreis, que não acrescentam nada à vossa vida, explorem novos caminhos, reunam-se com novas pessoas que vos podem trazer luz e energia positiva para o vosso presente. Criem, usem, abusem de rituais de partilha, momentos de meditação, encontros de evasão, grupos de reflexão, pois nós não conseguimos viver sem esses rituais que sempre existiram ao longo dos séculos e nos permitem elevar acima do quotidiano, do vulgar, do terreno, se quiserem. Seja através da dança, seja através do riso, da música, do teatro, da simples tertúlia entre amigos, da caminhada, do silêncio, encontrem aquele espaço, aquele momento que é vosso e daqueles que estiverem a sentir o mesmo e que queiram partilhar convosco o desejo de paz.

 

Comecem já, não julguem que esta procura pode ser adiada, que é muito difícil e que não vão conseguir. Pois outra coisa que eu tive que aceitar é que ninguém é responsável pelo que nos acontece ou pela nossa vida - só nós é que nos podemos ajudar a nós próprios...