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auto-terapia

um blog onde escrevo o que sinto e partilho as minhas ideias para quem quiser ler

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À minha maneira!


CrisSS

É muito difícil ser diferente! Em todos os sentidos, é claro, mas ainda é mais difícil ser diferente, sendo igual...

 

Quando nós temos algo que nos diferencia dos outros de forma inequívoca, que não é possível ocultar, como uma cor de pele diferente, uma deficiência, ou uma doença, a diferença é tão evidente que rapidamente interiorizamos a nossa condição de minorias e vamos criando mecanismos mais ou menos eficazes para lidarmos com essa condição.

 

Mas o problema é quando, aparentemente, nós somos iguais aos outros, mas na prática, no dia a dia, no quotidiano, parecemos estar sempre do outro lado, incompreendidos, difíceis de aceitar por todos aqueles com quem temos de interagir diariamente e nos mais variados contextos.

 

O problema é, também, quando queremos expressar uma ideia e as palavras que dizemos parecem ser ouvidas de forma completamente distinta pelos outros, provocando óbvias falhas no entendimento da mensagem que se pretendia transmitir.

 

O problema é, ainda, quando quase sempre as nossas ações não são interpretadas da melhor forma por aqueles a quem as mesmas se dirigem e se traduzem em reações inesperadas, muitas vezes até de rejeição.

 

Este é realmente o meu maior problema! Ser diferente! Não me encaixar na normalidade, não ser politicamente correta, dizer sempre o que penso e, principalmente, sem pensar! Out of the box como dizem os ingleses, ou melhor, em português, difícil de arrumar, de classificar, de posicionar num conjunto de referências pré-estabelecidas pelos padrões normais ou pelo status quo.

 

E ser assim é muito difícil... para o próprio, acima de tudo, e supostamente, para os outros que têm que lidar comigo e que são os ditos normais, certinhos, arrumadinhos, mainstream! São estes que habitualmente defendem as posições instituídas, protegem os seus pequenos poderes, zelam pela manutenção das tradições e são completamente avessos à mudança. São estes que por princípio odeiam os diferentes, como eu, os independentes, os que são impossíveis de controlar, imprevisíveis, aqueles que nunca se sabe o que vão fazer ou dizer a seguir e que parecem não obedecer a nenhum princípio que não seja o de fazer apenas o que lhes apetecer ou acharem justo ser feito naquele momento. Isto sou eu...

 

Já sofri muito por ser assim e já chorei muita lágrima de frustação por não ser aceite, por não ser compreendida e acima de tudo por não ser reconhecida nas minhas qualidades por causa desta maneira de ser. Mas ao longo destes anos tenho vindo a reconciliar-me com a minha diferença e tenho vindo aceitar que esta é a minha missão, o meu karma se quiserem.

 

Pensar diferente, questionar, inovar, querer sempre a mudança para melhor, ser idealista, ser utópica, acreditar que tudo é possível, estas são afinal as minhas qualidades e não os meus defeitos como me querem fazer crer. E não vou mudar! Porque já não conseguia mesmo que quisesse e porque não quero. Porque nunca vou aceitar que me digam que as coisas são assim porque são ou que não vale a pena fazer doutra maneira, pois eu vou sempre querer saber mais, fazer melhor, pensar diferente!

 

E sabem o que me deu força para aceitar que é assim que eu sou? O facto de cada vez mais ter a certeza que foi sempre por causa de pessoas diferentes como eu que o mundo avançou, que a humaninade evoluiu, que a ignorância e a mesquinhez foram combatidas e que a luz e o conhecimento foram alcançados!

 

Noutros tempos, não assim tão longuínquos, eu teria sido queimada na fogueira, juntamente com todos os doidos, os malucos, as bruxas, enfim os que fugiam à normalidade, os que não respeitavam as regras, os que questionavam o poder instalado.

 

Hoje a fogueira é diferente, mas também queima! Apesar disso, lá vou encontrando meia dúzia de malucos e diferentes como eu, que me vão segurando, que me vão ouvindo e que acreditam como eu que é possível mudar o mundo...

 

E juntos vamos conseguir, porque somos cada vez mais, acreditem!