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auto-terapia

um blog onde escrevo o que sinto e partilho as minhas ideias para quem quiser ler

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Para as gordinhas e não só...


CrisSS

Esta questão da comida é uma chatice! Que me atormenta a mim e à maioria das pessoas que conheço. Não sei porquê não há ninguém que tenha uma relação fácil com a comida e este é, na minha opinião, o principal drama da nossa sociedade ocidental. Ocidental porque, é claro, não vou falar aqui do verdadeiro drama que é ter fome e não ter comida.

 

Vou falar sim do drama que é para todos nós viver numa sociedade em que a oferta de comida é enorme e a capacidade de a absorver, é, como é óbvio, limitada. Eu nem sofro muito por causa da fast food - pizzas, hamburguers, etc, não me deixam de água na boca. O meu drama é a nossa deliciosa gastronomia regional: a açorda alentejana, o cozido à portuguesa, a chanfana, as espetadas à madeirense, o arroz de marisco, os pastéis de bacalhau, o arroz de pato, o bacalhau com natas, e toda a doçaria desde a caseira que eu própria faço - para minha maior desgraça -até à conventual que é a minha perdição! Nem sei se é só a gastronomia portuguesa que me faz perder o tino, pois pensando bem também me consigo empanturrar com sushi.

 

O problema é que comer me dá prazer! A mim e a muito boa gente que eu conheço... Como eu gostava de não gostar de comer e como seria tão mais fácil emagrecer se não me custasse tanto passar os olhos por uma boa pastelaria e não comer nada!

 

Mas o mais importante nesta questão da comida, não é tanto o prazer físico e sensorial que nos dá o acto de comer, mas sim, o conforto psicológico e o bem estar emocional associados a um chocolate, por exemplo. No fundo, acho que a maior parte de nós, que temos excesso de peso, utiliza a comida como anti-depressivo ou como catalizador de energia e tenta diminuir o seu vazio interior à conta de umas boas comezainas...

 

E é por esta razão que nos custa tanto não comer. A comida traz-nos um certo conforto, mima-nos até e temos muita dificuldade em privar-nos dessas sensações tão à mão de semear.

 

Num livro célebre que li à algum tempo - "Comer, Orar e Amar" - a autora começa uma viagem interior, após um período longo de depressão, com uma estadia em Itália, a comer desalmadamente, pizzas, pastas e gelados, a todas as refeições, engordando 12 quilos em 2 ou 3 meses, ilustrando de forma perfeita esta ideia do bem estar associado ao acto de comer boa comida. E que inveja que eu tive!

 

Claro, que assim que ela consegue equilibrar a sua vida emocional, também consegue controlar a sua necessidade de comer e mais tarde acaba por atingir o equilíbrio e ter um peso adequado à sua estrutura, mas sem sacrifício e sem sentimento de perda, ou seja, de bem consigo mesma, comendo apenas por ter fome. Isto foi possível porque ela preencheu o seu vazio interior e encontrou-se com o seu eu, através de outras coisas que lhe deram prazer e paz, que não apenas a comida.

 

Falo-vos deste livro, porque sei que muitas de nós têm o mesmo problema (e muitos homens também!) e estão muito perdidas emocionalmente e enquanto não se confrontarem com o seu íntimo e com a sua verdade, muito dificilmente conseguirão vencer a batalha contra o aumento de peso. E o primeiro passo é esse mesmo: deixar de considerar a questão do peso uma prioridade e concentrarmo-nos antes em outras áreas da nossa vida que estão um pouco esquecidas, porque as tentamos enterrar bem fundo, à custa de hamburguers, cheesecakes e muffins!

 

Pois é amigas, a solução não está em dietas ou em ginásios, mas em olharmos para dentro de nós e descobrirmos o que raio é que está cá dentro a chatear-nos... Pode ser a falta de realização pessoal, pode ser uma relação que já não nos preenche, pode ser um péssimo ambiente de trabalho, pode ser apenas o não gostarmos muito de nós próprias, mas temos que enfrentar esse mundo oculto e conhece-lo, para que depois nos seja possível avançar sem medos e, principalmente, sem necessidade de comer tudo e mais alguma coisa...

 

Acho que o que precisamos é mais ou menos parecido com o que nos acontece quando nos apaixonamos, pois nessa altura ninguém tem fome ou pensa em comer. Portanto, o que temos que fazer é: apaixonarmo-nos por nós próprias, vivermos em permanente namoro com o nosso eu e com o nosso corpo.

 

Se vamos precisar de ajuda para o conseguir? Acho que sim, mas é mais fácil do que parece, às vezes basta estar mais atento às pessoas que nos rodeiam e que nos querem bem e ouvir tudo o que o universo tem para nos dizer! É que as respostas estão todas dentro de nós, mas temos que as ouvir...

 

 

PS: Já que estou nas recomendações literárias, há outro livro sobre este assunto que recomendo - "Mulheres, Comida e Deus" - espero que gostem...