Reflexões sobre o individualismo
CrisSS
Uma ideia que me tem vindo a atormentar o espírito é isto do individualismo. Todos os dias somos bombardeados com opiniões mais ou menos científicas de que a nossa sociedade está cada vez mais individualista. Pois eu tenho a dizer-vos que não sou nada individualista! Aliás detesto o individualismo!
Há uns anos atrás (já muitos, estou velha!) quando decidi ir para sociologia e as pessoas me perguntavam porquê, eu invariavelmente respondia: porque gosto de pessoas! Só isto! Sempre gostei de pessoas, de falar com elas, de ouvir as suas estórias, de as compreender e principalmente, fascina-me perceber como vivem aqui neste planeta, como se organizam, qual o seu quotidiano, o que pensam, enfim um sem número de questões que me vêm sempre à cabeça quando conheço alguém...
O problema é que logo nos primeiros anos do curso uma das questões teóricas sobre a qual nos obrigavam a pensar era na dicotomia entre o indivíduo e a sociedade, ou seja, na oposição entre individualismo e altruísmo/cooperativismo/comunitarismo, todos essas palavras que são quase obscenas, hoje em dia, por causa das ideologias de esquerda que poderão estar por detrás. Mas ideologias e convições políticas à parte eu sempre me inclinei mais para uma visão de conjunto, de colectivo, de cooperação e é assim que eu vejo a evolução da nossa sociedade.
Nesta óptica, claro que me chateiam as posições mais ou menos individualistas que as pessoas à minha volta vão tomando e tenho sempre dificuldade em aceitar que as pessoas pensem sempre primeiro no seu bem estar e só depois - às vezes muito depois ou mesmo nunca - pensem no bem estar dos outros, no tal bem estar colectivo...
Dizem-me alguns amigos mais chegados e penso que os psicólogos também devem concordar que deve haver um equilíbrio entre as duas posições, pois a completa diluição do indivíduo no colectivo lhe pode ser prejudicial (algo que me acontece frequentemente), mas a minha lógica é sempre a de que as conquistas coletivas inevitavelmente trarão vantagens e benefícios para o indivíduo enquanto tal, ou seja, lhe trarão bem estar, qualidade de vida, felicidade até se quiserem!
É por esta razão que massacro todos aqueles que me conhecem com as minhas propostas de cooperação, associação, ou seja, de nos juntarmos para alcançar objectivos, realizar coisas, obter serviços ou bens, divertirmo-nos juntos ou simplesmente estarmos que é das coisas mais difíceis que o ser humano consegue fazer em colectivo.
Definitivamente, não sou individualista e desconfio que lá no meu intímo é porque não acredito que a gente se consiga safar sozinhos... Mais cedo ou mais tarde na vida percebemos que o que importa são os outros, as pessoas e as relações que estabelecemos e que moldam a nossa passagem por aqui!